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A nova lei do Rio de Janeiro exige que os hospitais públicos exibam sinais anti-aborto

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Uma nova lei acabou de entrar em vigor no Rio de Janeiro, exigindo que todos os hospitais públicos e clínicas administrados pelo governo municipal exibam Sinais anti-aborto Com mensagens como: “Você sabia que o nascituro é descartado como desperdício de hospital?”

Os ativistas dos direitos reprodutivos veem a Lei como o exemplo mais recente de uma tendência crescente em todo o Brasil para restringir ainda mais o acesso ao aborto em um país que já possui algumas das leis mais restritivas do mundo.

No maior país da América Latina, o aborto é legal apenas em casos de estupro, quando a vida da pessoa grávida está em risco, ou se o feto tem anencefalia, um distúrbio cerebral fatal.

Nos últimos anos, no entanto, políticos, médicos e até juízes tomaram medidas para evitar abortos, mesmo nessas circunstâncias.

O principal hospital do Brasil para tais procedimentos, em São Paulo, parou de oferecer terminações Após uma decisão do prefeito da cidade, um defensor firme do ex-presidente Jair Bolsonaro, um estridente advogado anti-aborto.

Um congressista de seu partido propôs um projeto de lei punindo abortos após 22 semanas – mesmo em casos de estupro ou risco de vida – com até 20 anos de prisão.

O Conselho Médico Federal, que é supostamente dominado por leais a Bolsonarono ano passado, proibiu os médicos de usar O método mais seguro recomendado pela Organização Mundial da Saúde Para gestações mais de 22 semanas – uma medida posteriormente considerada ilegal pela Suprema Corte do Brasil.

“Este é um resultado direto dos anos de Bolsonaro no poder”, disse a antropóloga Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília e um dos principais pesquisadores e ativistas de direitos reprodutivos do país.

Ela reconhece que a disputa entre posições pró e anti-aborto não é nova.

A própria Diniz teve que deixar o país em 2018, depois de receber ameaças de morte por seu envolvimento em uma campanha para levar a Suprema Corte a discutir a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gravidez – uma reforma que acabou parada.

O que mudou agora, ela diz, é que a questão, uma vez confinada ao nível federal, tornou -se “espalhada” entre as autoridades locais e regionais.

“Os governos autoritários da América Latina têm uma característica específica: eles não desaparecem quando seu líder sai do cargo. Bolsonaro pode ter ido embora, mas forças alinhadas com ele e suas idéias ocuparam corpos como o Conselho Médico”, disse Diniz.

Tais tentativas são ainda mais prejudiciais, uma vez que o aborto legal não está amplamente disponível em todo o Brasil – Apenas 4% das cidades brasileiras têm instalações e profissionais treinados para realizar o procedimentoe isso não inclui nem todas as capitais do Estado.

No estado de Goiás, uma menina de 13 anos que foi estuprada virou-se para os tribunais depois que ela foi negado um aborto legal em um hospital, mas um juiz proibia qualquer método que induziria a morte do feto. UM Tribunal Superior acabou autorizando o aborto.

Nesse estado, o governador – também um lealista de Bolsonaro – assinou uma lei exigindo que as mulheres que buscassem um aborto legal ao primeiro Ouça o batimento cardíaco fetal.

A lei de sinais anti-aborto do Rio foi aprovada na última sexta-feira pelo prefeito Eduardo Paes-que não é um apoiador de Bolsonaro e está alinhado com o atual presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva.

A decisão do prefeito de não vetar a lei-proposta por três vereadores de extrema direita-está sendo vista como uma jogada política, pois ele deve concorrer ao governador estadual no próximo ano.

De acordo com a lei, os hospitais que fornecem abortos também devem exibir sinais dizendo: “Você tem o direito de desistir do seu bebê para adoção anonimamente … dar uma chance à vida!” e “o aborto pode levar a consequências como infertilidade, problemas psicológicos, infecções e até morte”.

Diniz disse que o segundo sinal era ainda mais problemático, pois não há evidências científicas de que o aborto, quando realizado com segurança e com apoio médico, causa qualquer um desses efeitos.

“Esta lei é perversa porque é baseada em uma narrativa falsa de ‘cuidado’ para mulheres e meninas, quando na verdade as persegue”, disse Diniz.

Na terça -feira, um promotor público entrou com uma ação argumentando que a lei é inconstitucional e solicitando que o governo da cidade seja impedido de colocar os sinais. O caso ainda está para ser revisado por um juiz.

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