Durante boa parte da minha vida, o Windows foi o sistema operacional que me acompanhou em todos os momentos. Desde o primeiro computador que usei, ainda criança no colo do meu pai, até hoje, ele esteve presente. Mas agora, essa dependência chegou ao fim. Pode parecer estranho dizer isso sendo um redator de um site chamado PCWorld, mas essa mudança não aconteceu de repente — foi o resultado de uma longa transição influenciada por tendências tecnológicas, frustrações com grandes marcas e uma decisão consciente da minha parte.
É importante destacar: eu ainda uso o Windows. Neste exato momento, estou digitando este texto em um desktop potente que eu mesmo montei, com três monitores e todos os periféricos possíveis. Mas, pela primeira vez na vida adulta, percebo que não preciso mais desse sistema operacional. E sei que não estou sozinho nessa constatação — talvez a Microsoft devesse prestar atenção nisso.
A liberdade digital já é realidade
Dizer que não preciso mais do Windows significa, na prática, que nenhuma das ferramentas, programas ou fontes de informação que utilizo depende diretamente do sistema operacional instalado na máquina. Meu fluxo de trabalho está totalmente na nuvem, acessível de qualquer lugar e com qualquer equipamento.
Escrevo este texto no Google Docs e, quando terminar, farei a edição no WordPress. Durante o expediente, converso com colegas e gestores via Slack, troco mensagens com amigos por WhatsApp e outros aplicativos, organizo tarefas pessoais no Google Keep, atualizo compromissos profissionais no Monday.com e acompanho e-mails por meio do Gmail e do Outlook. Para acompanhar as notícias e tendências online, recorro ao BlueSky e ao The Old Reader.
Ainda trabalho com arquivos locais, é claro. Mas todos eles são armazenados de forma segura e automatizada no Backblaze, o que me permite acessá-los de qualquer lugar. Na maioria das vezes, nem preciso me preocupar com isso. Com exceção de jogos instalados, documentos fiscais e uma imensa coleção de fotos pessoais e familiares, raramente penso no espaço de armazenamento do meu PC.
Tudo no navegador — e mais organizado do que nunca
Basta olhar para a minha barra de tarefas no Windows para perceber essa mudança: Vivaldi, Gmail, Outlook, WordPress (representado pelo logo da PCWorld), Slack, Explorer, Monday, Google Keep, Google Docs e YouTube. Há um padrão bem evidente: todas essas ferramentas funcionam pela web.
Uso o navegador Vivaldi como central de acesso para quase tudo. Ele permite que eu transforme sites em aplicativos progressivos (PWAs), ou mesmo em atalhos que funcionam sem a interface tradicional do navegador. Esse recurso é crucial para minha produtividade — consigo manter as ferramentas separadas e focar em cada uma delas individualmente, sem distrações.
Essa organização trouxe mais agilidade ao meu dia a dia e tornou irrelevante o sistema operacional em uso. Seja no Windows, no macOS, no Linux ou até mesmo em um tablet ou Chromebook, tudo que preciso está na nuvem, pronto para ser usado com poucos cliques.
O futuro é multiplataforma
O que antes era um ecossistema fechado e centralizado no Windows, hoje é uma rede descentralizada de serviços e ferramentas acessíveis pela internet. Isso representa uma mudança profunda na forma como lidamos com tecnologia — uma mudança que beneficia usuários ao oferecer mais liberdade de escolha.
Não estou dizendo que o Windows se tornou inútil. Ele continua sendo um sistema poderoso, especialmente para jogos e tarefas específicas. Mas, no meu caso, ele não é mais indispensável. E essa sensação de liberdade, de finalmente não estar preso a uma única plataforma, é algo que me surpreende positivamente.
Se a Microsoft quiser manter sua base de usuários leais, talvez precise repensar sua abordagem e oferecer algo mais do que apenas um sistema operacional robusto. Porque, no fim das contas, o que importa para muitos de nós não é o sistema, mas sim a fluidez com que conseguimos trabalhar, nos comunicar e acessar o que precisamos — onde quer que estejamos.